terça-feira, outubro 25, 2011
Susa Monteiro vence Prémio Stuart com ilustração publicada no “Diário do Alentejo”
Hoje o prémio vai outra vez para Beja, esta cidade de insólitos. Recôndita e escondida ganha vida precisamente com as artes. Sabe-se que na pirâmide das necessidades as artes vêm no fim da linha, dizem os "espertos" que só pode vir a arte depois de ter tudo satisfeito...
Este prémio mostra que não, porque para quem vive em Beja sabe que há aqui muitas coisas que nunca poderão estar "satisfeitas"...
Somos uma região muito pobre, envelhecida, com dificuldades, constringida, estrangulada, esquecida, abandonada... mas mesmo assim a arte daqui chega longe! Isto prova também que quem segue a sua alma e faz aquilo em que acredita, esteja onde estiver, pode fazer aquilo que ainda não foi feito.
Quando eu vi esta capa achei-a espectacular, mas eu nisto não valho nada, ainda bem que alguém achou o mesmo com o valor de a dar a conhecer e reconhecer o seu devido valor! Parabéns Susa!
quinta-feira, outubro 20, 2011
Beja é inteira aos pedaços...
Beja faz sentidos se lhe tirarmos bocados. Se passarmos por lojas fechadas e saltarmos como se não existissem, como se saltam linhas quando um texto não nos interessa e se substitui por um som mental de quem está a ler...
Beja faz sentido se nos lembrarmos do que já teve e pensarmos bem nisso... o bairro alemão, a gente diferente, a casa das artes, a feira de Agosto, um encanto esquisito que traz gentes de fora a viver aqui e gentes daqui a fugir daqui para fora...
Beja não faz muito sentido se pensarmos bem, por isso talvez nós, os que cá estamos, não sejamos de pensar muito bem... fazemos yoga, tocamos música, ilustramos, fazemos BD, compomos coisas, criamos amigos, desmontamos pc's, andamos de moto, passeamos a pé, não somos fashion mas vamos à Mango, não gostamos muito disto mas vivemos cá.Fazemos teatro e andamos pela Europa, sabemos muito, estudamos mais, fomos e voltámos da casa dos pais. Vamos ao modelo, compramos nos chineses, somos mais uns portugueses...
Da minha rua até à biblioteca vou vendo e ouvindo de tudo... Nas vivendas a caminho da gare oiço o piano tocando clássicos treinando sons, alegrando o coração de alguém que o toca com prazer, depois passo para o outro lado e mais a frente oiço música brasileira e sons de quem está numa casa muito longe de casa... depois subo a rua do colégio e oiço apenas os passos de quem quer ir ouvir o quarteto de jazz à casa da cultura...há alguém que entenda isto?!
Beja faz sentido se nos lembrarmos do que já teve e pensarmos bem nisso... o bairro alemão, a gente diferente, a casa das artes, a feira de Agosto, um encanto esquisito que traz gentes de fora a viver aqui e gentes daqui a fugir daqui para fora...
Beja não faz muito sentido se pensarmos bem, por isso talvez nós, os que cá estamos, não sejamos de pensar muito bem... fazemos yoga, tocamos música, ilustramos, fazemos BD, compomos coisas, criamos amigos, desmontamos pc's, andamos de moto, passeamos a pé, não somos fashion mas vamos à Mango, não gostamos muito disto mas vivemos cá.Fazemos teatro e andamos pela Europa, sabemos muito, estudamos mais, fomos e voltámos da casa dos pais. Vamos ao modelo, compramos nos chineses, somos mais uns portugueses...
Da minha rua até à biblioteca vou vendo e ouvindo de tudo... Nas vivendas a caminho da gare oiço o piano tocando clássicos treinando sons, alegrando o coração de alguém que o toca com prazer, depois passo para o outro lado e mais a frente oiço música brasileira e sons de quem está numa casa muito longe de casa... depois subo a rua do colégio e oiço apenas os passos de quem quer ir ouvir o quarteto de jazz à casa da cultura...há alguém que entenda isto?!
quinta-feira, outubro 13, 2011
Estamos mesmo mal ... é inútil resistir!
In_util regressa... o blog que não tem nada de novo a acrescentar comenta...
(depois de ver um facebook cravado em mensagens de luto)
O Socrates foi o primeiro a abandonar o barco... está em Paris gozando a vida, lendo livros com sotaque e preparando-se para quando voltar poder apreciar as suas obras de engenharia e dizer "adoro aquela janela tipo fenetre" ou "... c'est la vie!"
Isso a mim diz-me muito... diz-me que ele sabia o tamanho do buraco que cá deixou e sabia que o barco, muito cedo, iria afundar!!!
(depois de ver um facebook cravado em mensagens de luto)
O Socrates foi o primeiro a abandonar o barco... está em Paris gozando a vida, lendo livros com sotaque e preparando-se para quando voltar poder apreciar as suas obras de engenharia e dizer "adoro aquela janela tipo fenetre" ou "... c'est la vie!"
Isso a mim diz-me muito... diz-me que ele sabia o tamanho do buraco que cá deixou e sabia que o barco, muito cedo, iria afundar!!!
sábado, junho 20, 2009
Ser mais velho
Ouvia sempre... ouve-me que sou mais velha, sei mais, vejo melhor.
Hoje sou mais velha, mas, como em tudo, há sempre quem seja mais velho que eu.
Olho para esses e vejo-lhes uma tristeza no peito que não reconheço no meu crescimento.
Tive a sorte de viver as tristezas profundas numa adolescencia feliz, e a cada dia tenho maior alegria no meu coração.
Os meus dias são mais longos, porque dormir já é só um pequeno prazer necessário.
Tenho bons amigos, tenho memórias felizes, tenho histórias de livros, tenho muitas famílias e a minha cada vez maior.
Hoje vou visitar mais uma família e a na minha a todos os que quiserem convido... podem passar...
Dois ouvidos vos esperam...
Hoje sou mais velha, mas, como em tudo, há sempre quem seja mais velho que eu.
Olho para esses e vejo-lhes uma tristeza no peito que não reconheço no meu crescimento.
Tive a sorte de viver as tristezas profundas numa adolescencia feliz, e a cada dia tenho maior alegria no meu coração.
Os meus dias são mais longos, porque dormir já é só um pequeno prazer necessário.
Tenho bons amigos, tenho memórias felizes, tenho histórias de livros, tenho muitas famílias e a minha cada vez maior.
Hoje vou visitar mais uma família e a na minha a todos os que quiserem convido... podem passar...
Dois ouvidos vos esperam...
quarta-feira, junho 17, 2009
Visita de estudo
Hoje tive percepção plena daquilo que me trouxe de Belas Artes aqui ao Serviço Social.
Visitamos o lar de Brinches e a Associação Rota do Guadiana.
No lar a assistente social recebeu-nos de sorriso aberto, perguntando se queríamos saber alguma coisa da sua vida, porque achou importante apresentar-se como pessoa.
Falou todo o tempo com o coração nas mãos, mostrando o peito, sem pudor de referir as diferenças entre humanos, e sem pudor de mencionar as diferenças entre iguais. Tratar igual, nem sempre fazer o mesmo, a profissão exige estar próximo dos outros, exige humanidade.
Vim de Belas Artes, onde quase nem podemos estar próximos de outros, onde tínhamos que ser incompreendidos na mesma medida que seriamos originais, tínhamos que ser distantes e quase divinos, na mesma proporção em que quiséssemos marcar uma diferença esse mundo elitista e separatista que é o das artes. Tínhamos que ser nós os especiais.
A arte, é de todos, eleva a todos na sua criação.
A arte empodera todos com a sua subtileza, com a sua fragilidade profunda.
A arte é infinita, não faz sentido criar fronteiras onde entro eu mas não entras tu, onde caibo eu mas não cabes tu.
A Arte chega mais longe, e leva-nos a perto de nós, esse lugar distante que todos queremos visitar. TODOS queremos visitar, esse lugar onde estamos bem, onde somos felizes.
A arte é humana e para criar temos que ser o que todos somos, humanos e divinos. Sem ser diferentes nos beneficios, sendo diferente no ser, sendo igual na partilha e no uso daquilo que deve ser nosso. Temos que ser pequenos deuses, como são todos os que não criam com pinceis mais que desenham as vidas nas telas mais dificeis de trabalhar.
Visitamos o lar de Brinches e a Associação Rota do Guadiana.
No lar a assistente social recebeu-nos de sorriso aberto, perguntando se queríamos saber alguma coisa da sua vida, porque achou importante apresentar-se como pessoa.
Falou todo o tempo com o coração nas mãos, mostrando o peito, sem pudor de referir as diferenças entre humanos, e sem pudor de mencionar as diferenças entre iguais. Tratar igual, nem sempre fazer o mesmo, a profissão exige estar próximo dos outros, exige humanidade.
Vim de Belas Artes, onde quase nem podemos estar próximos de outros, onde tínhamos que ser incompreendidos na mesma medida que seriamos originais, tínhamos que ser distantes e quase divinos, na mesma proporção em que quiséssemos marcar uma diferença esse mundo elitista e separatista que é o das artes. Tínhamos que ser nós os especiais.
A arte, é de todos, eleva a todos na sua criação.
A arte empodera todos com a sua subtileza, com a sua fragilidade profunda.
A arte é infinita, não faz sentido criar fronteiras onde entro eu mas não entras tu, onde caibo eu mas não cabes tu.
A Arte chega mais longe, e leva-nos a perto de nós, esse lugar distante que todos queremos visitar. TODOS queremos visitar, esse lugar onde estamos bem, onde somos felizes.
A arte é humana e para criar temos que ser o que todos somos, humanos e divinos. Sem ser diferentes nos beneficios, sendo diferente no ser, sendo igual na partilha e no uso daquilo que deve ser nosso. Temos que ser pequenos deuses, como são todos os que não criam com pinceis mais que desenham as vidas nas telas mais dificeis de trabalhar.
terça-feira, fevereiro 03, 2009
Novo ano, nova vida
Mais trabalho, menos estudante, mas ainda trabalhadora estudante.
Outro trabalho, outra vida, mas ainda com grandes mexidas de um lado para o outro.
Este blog ainda mexe, mas como me mexo eu na vida muito à pressa sempre ele é lento e pachorrento para me compensar :)
Agora entrou em cena outra metrópole... Évora.
Lá vou eu imensas vezes a caminho de outro grande burgo com a rádio comercial. Entro em Évora à mesma hora que há fila na ponte e carros parados na 2ª circular, mas a minha viagem é bem mais tranquila. Em Outubro Novembro há passarinhos brancos para os lados da Vidigueira. Depois cobre-se de inverno a serra de Portel.
Até hoje tem sido lindo, uma experiência única, linda, empolgante...
Quase que agradeço não poder escrever aqui ... no quase estão os dias que gostaria de aqui trazer!
Agora deixo um pouquinho daquilo que me afasta daqui...
1º a inspiração...
Outro trabalho, outra vida, mas ainda com grandes mexidas de um lado para o outro.
Este blog ainda mexe, mas como me mexo eu na vida muito à pressa sempre ele é lento e pachorrento para me compensar :)
Agora entrou em cena outra metrópole... Évora.
Lá vou eu imensas vezes a caminho de outro grande burgo com a rádio comercial. Entro em Évora à mesma hora que há fila na ponte e carros parados na 2ª circular, mas a minha viagem é bem mais tranquila. Em Outubro Novembro há passarinhos brancos para os lados da Vidigueira. Depois cobre-se de inverno a serra de Portel.
Até hoje tem sido lindo, uma experiência única, linda, empolgante...
Quase que agradeço não poder escrever aqui ... no quase estão os dias que gostaria de aqui trazer!
Agora deixo um pouquinho daquilo que me afasta daqui...
1º a inspiração...
... Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
Há doenças piores que as doenças
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias, sonhos mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só como imaginá-las
Que são mais nossas do que própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias, sonhos mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só como imaginá-las
Que são mais nossas do que própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Fernando Pessoa ...
segunda-feira, maio 26, 2008
Estatuto Trabalhador - Estudante
Enfim... passados meses, desde 11 de Janeiro que foram as minhas férias, tenho agora 20 minutos para voltar a escrever. Estes meses passaram-se como se passam os minutos enquanto comemos um gelado ou dormimos na praia... Bons... Rápido!
A Escola absorve-nos com a mesma intensidade que respiramos quando corremos, com a mesma intensidade que chove no Inverno em Salamanca, com a mesma intensidade que o Sol brilha no Verão no Alentejo... Absorve-nos a nós os que gostamos de lá estar, que fazemos por gosto, que nos entregamos ao compromisso de querer ajudar sem poder ajudar todos os que nos procurarem, que assumimos o compromisso de não nos envolvermos demasiado mas estamos seguros de que o vamos fazer, a todos os que estudamos o serviço com o intuito de o tentar cumprir com o coração e não com o orgulho no canudo e no título.
Está a ser das coisas mais difíceis a que me propus até hoje, estudar uma coisa que adoro, enquanto trabalho num sítio que também adoro e me gosto de dedicar, onde vão tomar café os melhores amigos que podemos ter, onde tenho os colegas que são já muito mais do que isso, muito amigos também, onde temos os clientes que nos mimam com simpatias porque são já da casa, porque gostam de nós e mostram isso...
O cansaço bate a porta todos os dias, quando me levanto ele mostra que está lá, sorridente, mas também me empurra para a frente, a escola está lá, sorridente, nas notas, nos professores que ajudam também nos empurra para a frente... o trabalho está lá, mas nos colegas que garantem as folgas e trabalham por mim nas frequências também empurra e puxa para a frente.. por isso sinto que este tem sido um ano de muitos passos bem dados de muitas ajudas agradecidas de muitas alegrias... pouco blog, poucos cafés, poucos filmes e poucas séries, poucas saídas, poucas sestas no sofá... poucos emails, pouco messenger, pouco tempo com a família, poucas viagens e poucos passeios curtinhos á volta de Beja aos sábados de manhã...
Na volta ao centro de Paralisia Cerebral, quando nos sorriam percebíamos que todos os esforços não são esforços verdadeiros porque cansaço e até mesmo algumas dores no corpo se vão embora num momento em que o computador mostra aquilo que um deles nos queria dizer...
"Bom Dia.... Obrigado!"
Obrigado a ti
Obrigado as todos os que me ajudam todos os dias a ser tão feliz
Obrigado meu amor
A Escola absorve-nos com a mesma intensidade que respiramos quando corremos, com a mesma intensidade que chove no Inverno em Salamanca, com a mesma intensidade que o Sol brilha no Verão no Alentejo... Absorve-nos a nós os que gostamos de lá estar, que fazemos por gosto, que nos entregamos ao compromisso de querer ajudar sem poder ajudar todos os que nos procurarem, que assumimos o compromisso de não nos envolvermos demasiado mas estamos seguros de que o vamos fazer, a todos os que estudamos o serviço com o intuito de o tentar cumprir com o coração e não com o orgulho no canudo e no título.
Está a ser das coisas mais difíceis a que me propus até hoje, estudar uma coisa que adoro, enquanto trabalho num sítio que também adoro e me gosto de dedicar, onde vão tomar café os melhores amigos que podemos ter, onde tenho os colegas que são já muito mais do que isso, muito amigos também, onde temos os clientes que nos mimam com simpatias porque são já da casa, porque gostam de nós e mostram isso...
O cansaço bate a porta todos os dias, quando me levanto ele mostra que está lá, sorridente, mas também me empurra para a frente, a escola está lá, sorridente, nas notas, nos professores que ajudam também nos empurra para a frente... o trabalho está lá, mas nos colegas que garantem as folgas e trabalham por mim nas frequências também empurra e puxa para a frente.. por isso sinto que este tem sido um ano de muitos passos bem dados de muitas ajudas agradecidas de muitas alegrias... pouco blog, poucos cafés, poucos filmes e poucas séries, poucas saídas, poucas sestas no sofá... poucos emails, pouco messenger, pouco tempo com a família, poucas viagens e poucos passeios curtinhos á volta de Beja aos sábados de manhã...
Na volta ao centro de Paralisia Cerebral, quando nos sorriam percebíamos que todos os esforços não são esforços verdadeiros porque cansaço e até mesmo algumas dores no corpo se vão embora num momento em que o computador mostra aquilo que um deles nos queria dizer...
"Bom Dia.... Obrigado!"
Obrigado a ti
Obrigado as todos os que me ajudam todos os dias a ser tão feliz
Obrigado meu amor
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